sexta-feira, 18 de abril de 2008

OS NEMATÓIDES

Os nematóides são vermes de corpo aproximadamente cilíndrico, geralmente esguios e alongados, afilando-se de modo gradual ou abrupto nas extremidades anterior e posterior. Há importantes exceções, em que as fêmeas tornam-se "obesas", com forma aberrante, lembrando um limão, u'a maçã, um rim ou apresentando outra conformação. O tamanho é muito variável. Os nematóides que vivem no solo e nas águas, ditos de vida livre (comedores de algas, fungos, bactérias), bem como os que se especializaram em parasitar as plantas, ocorrendo principalmente associados às raízes destas, medem de 0,3 a 3,0 mm de comprimento; os que se especializaram no parasitismo de animais, vertebrados ou invertebrados, podem medir desde 0,3 mm até vários centímetros (cerca de 15, como na lombriga intestinal do homem, Ascaris lumbricoides), havendo alguns que chegam a atingir metros (até 8, como por exemplo Placentonema gigantissima, parasito da baleia de espermacete).
Vivem em quaisquer ambientes/ecossistemas onde exista água, sendo no geral sensíveis a fortes estresses hídricos. Algumas espécies, no entanto, desenvolveram a habilidade de suportar ambientes com baixa umidade por meses ou anos, como o interior de sementes de plantas mantidas armazenadas. Ocorrem na água salgada, na água doce, no vinagre, no solo, em órgãos vegetais (raízes, tubérculos, caule, folhas, sementes) e tecidos de diferentes tipos de animais. Temperaturas muito baixas ou excessivamente altas também podem afetá-los negativamente, causando-lhes redução na atividade e/ou morte.
Causam doenças ao homem e aos animais domésticos ?
Sim. Há várias espécies que parasitam o homem, especialmente órgãos do aparelho digestivo, sendo algumas das mais cohecidas a já citada lombriga do intestino - Ascaris lumbricoides - que pode causar fraqueza e irritações alérgicas aos doentes nas infecções mais severas, Ancylostoma duodenalis e Necator americanus, responsáveis pelo conhecido "amarelão", Enterobius vermicularis, agente da oxiúrose infantil, Strongyloides stercoralis e outras; Wuchereria bancrofti, parasito do sistema linfático, causa a temida elefantíase e Dracunculus medinensis é a famosa "serpente de fogo", mencionada em passagens bíblicas, tratando-se de parasito sub-cutâneo (da perna, principalmente). Da mesma forma, há muitas espécies que podem causar sérios problemas aos animais domésticos de interesse comercial, como eqüinos, bovinos, caprinos, ovinos e suínos, além das aves. A necessidade de tratamento constante dos animais doentes ou de adoção de medidas preventivas de combate a esses vermes, acaba, com freqüência, onerando os custos de produção e reduzindo os lucros do produtor zootécnico.

Para a Agricultura causam danos às plantas e também perdas econômicas ?
Sim. Há vários gêneros incluindo um total de algumas dezenas de espécies consideradas parasitos importantes de plantas cultivadas em todo o mundo. Além dessas, muitas outras espécies são capazes de parasitar plantas, mas sem causar danos relevantes e/ou perdas significativas. Os grupos mais importantes (como os gêneros Meloidogyne, Heterodera, Globodera, Pratylenchus, Radopholus, Rotylenchulus, Nacobbus, Tylenchulus e outros) congregam espécies portadoras de um estilete bucal característico, que possibilita a injeção de substâncias tóxicas no interior de células vegetais e a posterior ingestão de meio líquido nutritivo produzido por elas; parasitam principalmente os órgãos subterrâneos, em especial as raízes, nas quais podem incitar o aparecimento de más formações, a exemplo de engrossamentos típicos como as galhas (induzidas mais comumente por fêmeas de Meloidogyne) ou áreas de tecido desorganizado, já morto, de tonalidade pardo-escura ou negra evidenciando necrose extensiva; também pode ocorrer necrose em tubérculos ou túberas e em fruto hipógeo, como no caso do amendoim.
Os sintomas diretos causados nos sistemas radiculares concorrem com freqüência à manifestação subseqüente de sintomas indiretos ou reflexos na parte aérea das plantas, decorrentes principalmente de maiores dificuldades na tomada e no transporte de água e nutrientes disponíveis no solo pela planta. Além disso, muitas vezes os nematóides constituem-se em fortes drenos metabólicos, espoliando fotoassimilados e utilizando-os para o seu desenvolvimento e reprodução, o que contribui para reduzir, de modo apreciável, a energia para o crescimento da planta. Os ataques costumam ocorrer em áreas mais definidas dentro da cultura, chamadas de manchas ou reboleiras nas quais se observam plantas menos crescidas, de tamanho irregular, muitas vezes amarelecidas (cloróticas), que pouco produzem. Para evidenciar bem a redução no desenvolvimento e na produção das plantas devida aos nematóides, o usual é tratar-se uma parte da cultura, que está com problema nematológico, com produtos químicos adequados, que controlam o nematóide, e manter-se outra sem tratamento algum. Outros sintomas reflexos, mais específicos, podem ocorrer, como a murcha das folhas nas horas mais quentes do dia, o que se observa em fumo, por exemplo, e o tombamento, típico de bananeiras infectadas pelo nematóide chamado cavernícola, Radopholus similis.
As perdas agrícolas devidas a nematóides podem variar muito, dependendo da espécie de nematóide e da cultura hospedeira envolvidas na associação, das condições de solo e clima do país ou da região geográfica onde se localize a área infestada, do tipo de manejo adotado pelo produtor rural, do valor comercial do produto agrícola na época e de outros fatores. Mas, há estimativas de perdas apresentadas por especialistas para certos casos, como o do nematóide das plantas cítricas (laranjeiras e limoeiros), Tylenchulus semipenetrans, que se supõe causar ao redor de 12% de redução da produção mundial, a cada ano. No Brasil, as perdas variam, também segundo estimativas, de 5 a 35%, em média, para os diferentes tipos de culturas (anuais, semi-perenes e perenes), sendo impossível cultivar economicamente certas plantas em áreas infestadas sem que rigorosas e sistemáticas medidas de controle venham a ser implementadas; é o caso de cenoura em área infestada por espécies do gênero Meloidogyne, de algodão em glebas infestadas por Rotylenchulus reniformis e de tantos outros.
Nematóide: o inimigo invisível da agricultura
Carlos E. de M. Otoboni Engenheiro Agrônomo formado pela Unesp (Jaboticabal) e professor da Faef (Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Garça). Os nematóides são vermes que parasitam o homem, os animais e as plantas. Nas plantas, são vermes microscópicos, caracterizados pela presença de uma estrutura chamados estilete, com o qual sugam o conteúdo das células vegetais e injetam toxinas nas plantas. Assim, são chamados de fitonematóides Informativo Garcafé, maio de 1998 Parasita predominantemente as raízes das plantas e são considerados como uma das mais importantes moléstias de muitas culturas, causando danos desde a queda sensível de produção até a morte das plantas.
São exemplos: o Nematóide de Cisto da Soja (Heterodera glycines); o Nematóide Cavernícola (Radophulus similis) em banana e plantas ornamentais; o Nematóide Reniforme (Rotylenchulus reniformis) em algodão e maracujá; o Nematóide dos Citros (Tylenchulus semipenetrans); Pratylenchus spp. e Meloidogyne spp. que afetam diversas culturas, incluindo o cafeeiro, com suas diferentes espécies. No caso específico da cafeicultura, os nematóides, principalmente Meloidogyne spp. causaram, e vem causando "verdadeiros estragos", inviabilizando o sistema de produção em áreas infestadas.Como dito anteriormente, os nematóides afetam as raízes das plantas, destruindo-as. Em analogia, pode-se dizer que eles destroem a "boca" da planta, impedindo que os insumos agrícolas (fertilizantes, fungicidas e inseticidas) aplicados no solo e na água, sejam assimilados. Portanto, muito dinheiro se perde quando a devida atenção não é dada aos nematóides e ao manejo dos insumos no cafeeiro e outras culturas. Algumas vezes chega-se até a acreditar que os insumos agrícolas aplicados no solo foram ineficientes, mas na verdade, o sistema radicular das plantas, destruído pelos nematóides, foi a grande causa da ineficiência dos insumos aplicados. No cafeeiro, os nematóides mais danosos são Meloidogyne spp. (Nematóide das Galhas) e Pratylenchus spp. (Nematóide das Lesões Radiculares). Para Meloidogyne spp. têm-se cinco espécies principais em ordem: M. coffeicola, M. paranaensis, M. incognita, M. goeldii e M. exigua. Para Pratylenchus tem-se P. coffea como o mais importante.Os sintomas observados no cafeeiro, devido ao ataque por nematóides, se confundem com os sintomas de outras causas, pois leva a planta à deficiência nutricional, permitindo o ataque severo de pragas e doenças que têm sua ação facilitada devido ao fato da planta estar debilitada. Como sintomas mais característicos nas plantas podemos relacionar a presença de galhas nas raízes, raízes necrosadas, constatação de pouco enraizamento das plantas, plantas enfezadas ou com pouco desenvolvimento. Na lavoura, a existência de reboleiras com plantas de porte reduzido, plantas de diferentes tamanhos num mesmo talhão, aparecimento de doenças exóticas ou oportunistas e evidenciamento da produção bianual do cafeeiro. É importante também saber que a disseminação dos nematóides é por tudo aquilo que carrega solo e/ou raízes contaminadas de um local para o outro, como as mudas, as máquinas, os implementos, etc., que pode ser evitado com medidas simples de exclusão dessas formas de disseminação. Laboratório de nematologia — Para uma boa recomendação de manejo e/ou controle dos nematóides é necessário que se respondam três questões básicas sobre eles, que são: Onde estão? Quem são? Quantos são?Essa respostas somente podem ser obtidas através de análise nematológicas feitas em laboratórios especializados.Sendo assim, a Faef (Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Garça), para atender à necessidade desse serviço para Garça e Região, equipou um laboratório em suas instalações para a execução de análises nematológicas. Esse laboratório está em funcionamento desde 1997 e é composto por um especialista da área e estagiários do curso de Agronomia, treinados, que executam as análises nematológicas de amostras enviadas pelos produtores, emitindo laudos que comprovam ou não a infestação de áreas por nematóides, quantificando-os e identificando-os em nível de gênero e espécie a um custo que cobre apenas os gastos operacionais. Pesquisas, com ênfase no manejo e controle de populações de nematóides, também já começaram a ser desenvolvidas e os resultados brevemente serão apresentados à comunidade.Coleta de amostra para análise nematológica — De certa forma, é um procedimento fácil de ser executado, mas tem algumas características importantes que devem ser conhecidas para uma boa amostragem, pois ela influenciará diretamente o exame final. solo e raízes devem ser acondicionados obrigatoriamente em sacos plásticos e com umidade natural. As amostras nunca devem chegar secas ao laboratório. As amostras devem ser enviadas o mais rápido possível para o laboratório, mas caso isso não seja possível, podem ser mantidas na geladeira por um período de até um mês.As amostras devem representar bem a área proveniente, portanto ela deve ser formada por sub-amostras distribuídas aleatoriamente.Na identificação de espécies de Meloidogyne é necessário o envio de raízes que apresentem galhas viáveis do nematóide. Em áreas destinadas para o plantio de café, plantas daninhas como a corda-de-viola, caruru, a beldroega, entre outras, são hospedeiras de Meloidogyne spp. Portanto, devem ser coletadas na amostragem. Em áreas que o histórico mostra que já tenham sido ocupadas por esta cultura, é muito provável que os nematóides estejam presentes. Para melhor orientação na amostragem procure o engenheiro agrônomo de sua confiança ou então o nosso laboratório (Faef).
Entre as doenças que afetam a produtividade de fruteiras de clima temperado, aquelas causadas por nematóides assumem grande importância em virtude dos sérios prejuízos causados à planta e, indiretamente, ao produtor, pela redução dos lucros. Os nematóides fitoparasitas prejudicam as plantas pela ação nociva sobre o sistema radicular que, por sua vez, afeta a absorção e a translocação de nutrientes, alterando a fisiologia da planta. Esses organismos também podem predispor a planta a doenças e a estresses ambientais ou atuarem como transmissores de outros patógenos.
Doenças causadas por nematóides
Entre fruteiras de caroço, a maioria dos trabalhos associados com fitonematóides foi realizada com a cultura do pessegueiro. Já foram relatadas mais de 30 espécies de nematóides fitoparasitas em pessegueiro, destacando-se como mais importantes Meloidogyne spp., Mesocriconema spp., Xiphinema spp. e Pratylenchus spp. Esses nematóides podem reduzir o vigor e a produção do pomar e, ocasionalmente, em conjunto com outros fatores, causar a morte da planta.
Nematóides-das-galhas
Distribuição geográfica - Os fitonematóides desse gênero têm sido relatados, freqüentemente, causando danos econômicos em fruteiras de caroço nas mais variadas regiões do mundo. As principais espécies prejudiciais ao pessegueiro são: M. javanica, M. incoginta, M. arenaria e M. hapla. Em levantamentos realizados em pomares de pessegueiro do Rio Grande do Sul, as espécies detectadas e associadas com maior freqüência ao sistema radicular das plantas, foram M. javanica e M. incoginta.
Sintomatologia - Visualmente pode ser observada a presença de engrossamento (galhas) nas raízes do pessegueiro atacado. As plantas afetadas apresentam sinais de enfraquecimento, baixa produção, desfolhamento precoce e declínio prematuro, podendo ocorrer, ocasionalmente, a morte da planta, sendo os sintomas potencializados sob condições de seca.
Ciclo de vida e epidemiologia - As espécies de Meloidogyne que atacam o pessegueiro inicialmente penetram na raiz, na fase infectiva - juvenil de segundo estágio(J2). Posteriormente, os machos adultos abandonam o sistema radicular, e, as fêmeas, permanecem no interior das raízes, como endoparasitas sedentárias, até o final do seu ciclo de vida, induzindo a formação de galhas. O ciclo de vida do nematóide das galhas é de aproximadamente quatro semanas, podendo prolongar-se sob condições de temperatura mais favoráveis. Temperaturas inferiores a 20oC ou superiores a 35oC e condições de seca ou de encharcamento do solo afetam o desenvolvimento e a sobrevivência do nematóide. Geralmente, o pessegueiro sofre mais danos, pelo nematóide, em solos arenosos do que em solos de textura mais fina.Controle - A produção de mudas em viveiro deve ser realizada em locais isento de nematóides, uma vez que plantas contaminadas são importantes agentes de disseminação desse patógeno e de outras doenças, podendo comprometer a sanidade do pomar futuramente. Para produção de mudas em viveiro, é importante que se envie, anteriormente ao plantio, uma amostra de raízes e de solo do local para um laboratório especializado, visando à determinação da presença e identificação de possíveis nematóides fitoparasitas. O plantio de mudas certificadas, isentas de Meloidogyne spp é a medida de controle mais importante. No caso de detecção de nematóides prejudiciais ao pessegueiro, deve-se proceder à rotação de culturas na área infestada por, no mínimo, dois anos consecutivos. Entretanto, um ano antes do estabelecimento do pomar, recomenda-se amostragem do local para análise nematológica. A utilização de porta-enxertos resistentes ou tolerantes é uma alternativa barata que pode ser adotada pelo agricultor quando detectada a presença do nematóide no local de plantio.
Nematóide-anelhado
Distribuição Geográfica e Ocorrência - Os nematóides anelados são comumente disseminados e associados a muitas plantas hospedeiras. Mesocroconema xenoplax e M. curvata são os principais fitonematóides deste grupo que afetam as fruteiras de caroço e a amendoeira. Estes nematóides são amplamente distribuídos, tendo sido detectados na América do Norte, Europa, África, Ásia e América do Sul. Altas populações de M. xenoplax são freqüentemente encontradas em pomares de pessegueiro, afetando as plantas. No Brasil, a ocorrência de M. xenoplax, associada à morte-precoce-do pessegueiro, vem do Estado de São Paulo. No Rio Grande do Sul, essa espécie está amplamente distribuída nos pomares de pessegueiro. Estudos realizados no início da década de 90, na região sul do Rio Grande do Sul, demonstraram a correlação positiva entre populações desse nematóide e os sintomas de morte precoce em pessegueiro. Ciclo de vida e EpidemiologiaM. xenoplax, alimenta-se das raízes da planta, como um ectoparasita, em todas as fases de sua vida, induzindo alterações celulares nos sítios de alimentação. O nematóide anelado pode permanecer no mesmo local parasitado da raiz, por até oito dias. A duração do ciclo de vida varia de quatro a oito semanas, dependendo da temperatura, da umidade, do pH, do tipo de solo e da planta hospedeira. Sob temperatura de 24oC, o ciclo de vida é de 30 dias. Entretanto, as populações desse nematóide também se reproduzem no inverno, quando a temperatura do solo varia entre 7ºC e 13oC.Danos e Sintomatologia - M. xenoplax é o nematóide mais amplamente disseminado na região produtora de pêssego do Rio Grande do Sul. O parasitismo de raízes de pessegueiro por este organismo pode causar destruição, atrofiamento e morte das raízes, interferindo, conseqüentemente, na dormência e capacidade da planta em suportar estresses. Estudos sobre a avaliação de níveis populacionais críticos deste nematóide no solo mostraram que populações iguais ou superiores a 1000 nematóides/100 cm3 de solo causaram sintomas de morte. Porém, em pomares bem conduzidos, onde os sintomas de morte foram constatados, foram observadas populações duas a três vezes maiores, evidenciando que os tipos de práticas culturais e nutrição de plantas adotadas influenciaram na manifestação da síndrome.ControleAs primeiras medidas de controle estão relacionadas à produção ou à aquisição de mudas livres de nematóides parasitas e ao plantio em áreas isentas dos patógenos. Na implantação de viveiros ou instalação de pomares, é importante a realização de análise nematológica do solo para a identificação das espécies incidentes. Caso seja detectada a presença de nematóides prejudiciais à cultura no local de instalação do viveiro, recomenda-se, a substituição da área, ou o emprego de rotação de cultura com espécies não hospedeiras, por um período mínimo de dois anos ou, ainda, a desinfecção do solo com produto fumigante, em pré-plantio.Da mesma forma, em caso de detecção da presença de M. xenoplax no local onde serão instalados novos pomares, é importante conhecer o nível populacional do mesmo. Trabalhos realizados nos Estados Unidos mostraram que o limiar de dano econômico para a cultura é de 50 M. xenoplax/100 cm3 de solo. Mantendo-se as populações do nematóide abaixo desse nível, a longevidade dos pessegueiros e a manutenção da produtividade podem ser assegurados. As estratégias utilizadas para o controle baseiam-se, principalmente, no uso de rotação de culturas e no plantio de pessegueiro sobre porta-enxertos tolerantes (Tabela 26), visto que até o momento não existem cultivares resistentes a essa espécie de nematóide. O controle químico mediante o uso de nematicidas, é anti-econômico e pouco efetivo. Em excesso, esses produtos são extremamente tóxicos ao homem e ao meio ambiente. Até o momento, não se dispõe de nematicidas registrados para a cultura do pessegueiro no Brasil. Isto se deve, principalmente, ao pouco interesse das empresas pela cultura. Em países como os Estados Unidos, o controle químico de nematóides é feito com os nematicidas 1,3-dicloropropene, liberado somente para aplicação em pré-plantio, e Fenamifós, para uso em pós-plantio. Porém, os custos elevados das aplicações têm desestimulado a utilização dos referidos produtos.As cultivares Nemaguard, Lovell e Flordaguard, apesar de permitirem a reprodução de M. xenoplax, são tolerantes às altas populações do nematóide presentes no campo. Entretanto, deve-se considerar que `Lovell´ é altamente suscetível a Meloidogyne spp. e 'Nemaguard' apresenta problemas de adaptação em solos arenosos. Por sua vez, 'Flordaguard' reúne várias características favoráveis, como resistência ao nematóide-das-galhas, pouca exigência em frio e tolerância ao cultivo em solos arenosos.Além de controlar o nematóide, deve-se efetuar algumas práticas culturais que são fundamentais para reduzir as perdas de plantas por PTSL:
Fazer a aplicação de calcário em pré-plantio, corrigindo-se o pH para 6,5;
Efetuar a poda tardiamente, preferencialmente, próximo à floração;
Fazer adubações e aplicação de calcário de acordo com as necessidades da cultura, baseando-se em análise de solo e foliar.
Nematóide adaga (Xiphinema spp.)
Entre as espécies deste gênero, Xiphinema americanum (grupo americano) é considerado o nematóide de maior importância econômica. O nematóide-adaga reduz o vigor das plantas, agindo, ainda, como vetor de viroses na cultura do pessegueiro. Esses nematóides alimentam-se como ectoparasitas, causando necroses radiculares e dilatações na ponta das raízes finas. Sob alta infestação, é comum a redução na produção e o retardo no crescimento das plantas.
Nematóide-das-lesões (Pratylenchus spp.)
O nematóide-das-lesões pode afetar o estabelecimento, o crescimento e a longevidade do pomar, bem como a produção de frutas. Entre as espécies desse gênero, Pratylenchus penetrans, P. vulnus, P. coffeae e P. brachyurus são consideradas as mais importantes economicamente na produção de frutas e amêndoas. P. penetrans e P. vulnus são as espécies mais danosas ao pessegueiro. Esses patógenos se alimentam como endoparasitas migradores, causando lesões necróticas (escurecimento) nas raízes, em virtude da movimentação intracelular nos tecidos parasitados. No pessegueiro, esses nematóides causam degeneração do sistema radicular, predispondo a planta a infecções causadas por outros microrganismos fitopatogênicos.No Brasil, os nematóides do gênero Pratylenchus e de outras espécies como Helicotylenchus, Tylenchus, Paratylenchus, Trichodorus, Paratrichodorus, Hemicycliophora e Rotylenchus têm sido freqüentemente detectados em pomares de pessegueiro, porém sob baixos níveis populacionais. Pouco se sabe sobre seus danos na cultura do pessegueiro, não tendo sido confirmada patogenicidade, até o presente momento.

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